Jornadas alquímicas de iniciação feminina pelos caminhos da Sexualidade, da Dança e da Conexão com a Natureza... (Dúnia La Luna)
"A Serpente é o entendimento de todas as coisas e a compreensão da vacuidade d'elas. Seguindo um caminho que não é o de nenhuma ordem nem destino, ela ergue-se á Altura que é a sua origem... Ela é o entendimento de tudo, a fusão dos opostos, do bem e do mal, a da valia da emoção como emoção e da vontade como vontade... " (Fernando Pessoa)



O QUE TE MOVE? Dança Arquetípica Feminina



Durante aula
Na dança oriental (minha especialidade primeira) a mulher descobre seu corpo, tornando-se capaz de comandar com flexibilidade todas as suas partes isoladamente de acordo com sua força de vontade... Na dança arquetípica,(uma dança que nasceu da minha necessidade de libertar-me das técnicas) o feminino assume a fala do corpo e a mulher que dança, entregue a si mesma vai desvendando seus símbolos pessoais!

Matéria e Espírito... Corpo e Alma (Psique)... energias complementares, vitais para o florescimento da vida, mas a sua dança é ainda misteriosa, porém muito da beleza da vida reside nesse mistério. E como podemos nos aproximar desse mistério e dessa beleza sem torna-lo banal?
A psicóloga Vera Lúcia Paes diz que: "Tanto o feminino - qualidade psíquica que privilegia o conhecimento intuitivo, poético, afetivo – quanto o corpo, podem nos ajudar nesse relacionamento com os mistérios porque ambos se expressam por uma via não-verbal, favorecendo o simbólico. E o símbolo propicia a vivência do transpessoal."
A dança, desde sua origem, é veículo natural para esse contato com o sagrado, pois estabelece facilmente a ponte para o mundo simbólico e transcendente.
A dança, desde sua origem, é veículo natural para esse contato com o sagrado, pois estabelece facilmente a ponte para o mundo simbólico e transcendente.

Mas qualquer dança de modalidade específica não pode ser suficiente para estabelecer um contato que favoreça a experiência profunda corpo-psique ou corpo e alma, pois todas elas possuem técnicas que se aprende, ou seja, que vem de fora para dentro, onde a interação primeira de aprendizado é mental. Nesse cenário o lugar de quem aprende é esperar instrução, e mesmo depois quando se obtém autonomia de criar a própria dança, a expressão limita-se àquela linguagem aprendida sem então uma entrega para seu próprio universo pessoal.
Na dança oriental por exemplo a mecânica física nos oferece uma qualidade essencial feminina: movimentos espirais, circulares e ondulatórios, focada no ventre e na flexibilidade e articulação corporal... Já o motor interno para sua expressão podem não ter a proposta de nos aproximar dessa dimensão do feminino se esse não for desenvolvido para tal!
Dentre as várias possibilidades de trabalho com o corpo, a dança arquetípica e oriental é uma opção especial para as mulheres porque enquanto a dança oriental funciona como um “motor quântico” que acorda as células adormecidas do corpo feminino, e a coloca de volta em seu centro físico de poder, seu “eixo”. A arquetípica a coloca em contato com seu mundo interno e instintivo.
O que presencio em sala de aula é a extrema dificuldade da expressão livre, sem regras ou técnicas, a dificuldade de uma expressão visceral instintiva, e é dessa libertação que precisamos para experienciar a dinâmica Corpo-Psique. Ou seja, a dinâmica onde o Feminino também esteja inteiramente presente na dançarina! Esse desenvolvimento é o que propõe a Dança Arquetípica: um contato com o si mesmo, com a entrega, a descoberta do movimento simbólico, único e pessoal. Aqui o movimento não é mecânico, ele busca sua origem na alma. "Assim, em contato com o mundo interior dançamos mais movidas por nossos símbolos que pela força de vontade que dirige a musculatura."



Através de exercícios adequados o treino é descobrir os movimentos pelo impulso instintivo e não apenas pelo ego ou pela consciência. Ao descobrir nossos próprios movimentos e o nosso motor interno a técnica aprendida de qualquer modalidade fica a serviço e se torna expressamente única mesmo que seja a mesma de todas as dançarinas!

A Dança Arquetípica é uma proposta exuberante que coloca-nos perante vivências muito intensas de elementos internos: Vida e Morte, Sentimentos Profundos, Luz e Sombra. É comum a dificuldade de entrega, tanto física como psíquica. Mas o objetivo é justamente vencer essas dificuldades onde com os próprios exercícios descortina-se progressivamente o instinto e a criatividade forte e flexível, que deriva da aceitação, do não julgamento e da auto-observação com todas as nossas potencialidades e limitações. Antes de qualquer transformação, é preciso conhecer-se e aceitar-se como tal.A Dança Arquetípica favorece o encontro consigo mesma. Um convite de relaxamento e uma observação espontânea .
Vendo a dança desta forma simbólica, que vai além de seu sentido mais concreto de bailado, podemos entendê-la como um fluxo livre de energia.
O trabalho corporal, aliado ao potencial feminino, acompanha suas fases, seu ciclos nas diferentes qualidades simbólicas que se expressam ao longo da vida, não ameaçando assim qualquer mulher em qualquer estágio, pois não a obriga parar no tempo ou num estereótipo!
Podemos então imaginar a interação técnica e instinto, identidade e expressão, matéria-espírito, corpo-psique como uma dança, a dança da celebração da vida.


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